Na tentativa de se explicar a “síndrome do crack”, que entrou
na sociedade brasileira dissipando perspectivas, destruindo sonhos e arruinando
famílias, ouve-se de tudo, tantas teorias e pesquisas com resultados vagos e
muitas vezes frustrantes. Como o bem
comum, só é alcançado por aqueles que abandonam o individualismo, tento ver o
crack como uma droga que, independente da sua origem, traz efeitos
incalculáveis e um preocupante impacto na sociedade brasileira.
A verdade é que o crack é que uma droga cuja porção custa
apenas R$ 2,00 (dois reais), e que atinge
o sistema nervoso em apenas 10 segundos, seu efeito dura apenas 10
minutos e basta usar uma única dose para que se vicie, ou seja, uma droga
barata extremamente forte, altamente viciante, causadora de efeitos
fisiológicos como aceleração cardíaca, elevação da temperatura do corpo,
destruição de neurônios, degeneração dos músculos, dentre outras metamorfoses
físicas. Sendo que o individuo que faz uso continuo da droga, passa a buscar a
substância de forma incessante para se livrar da síndrome da abstinência, que é
uma das piores e mais fortes, dentre todas as outras drogas estimulantes. Nesse
estágio o individuo passa a não mais se importar com um convívio social e menos
ainda com relações interpessoais, e assim surge à comparação do viciado com o mitológico
zumbi, pois ambos vivem em realidades alheias a da sociedade, buscando
unicamente saciar os seus desejos, independente de regras, leis, ou qualquer
outro fator inibidor ou limitador das vontades. O usuário (que em minha opinião,
é vitima desta droga) se transforma em um ser vivente que é capaz de passar por
cima de tudo e de todos sem medir sacrifícios e nem poupar esforços, até
conseguir o seu objetivo.
Na cidade de Goiânia a policia militar em atendimento a
denuncia de moradores locais, flagrou uma mãe tentando trocar a filha, uma bebe
de menos de 2 meses de vida, por uma porção de pedras de crack equivalente a
aproximadamente R$ 20,00 vinte reais. Qualquer cidadão comum ao ler esta
notícia sente-se no mínimo, indignado com tamanha crueldade, no entanto podemos
fazer uma reflexão com essa lamentável manchete. Que droga é essa capaz de
aniquilar, como se nunca existisse, o sentimento mais puro e forte do ser
humano, considerado por alguns como instintivo, que é o sentimento maternal?
Essa
substância capaz de remover dos homens o discernimento, a razão, e até mesmo os
instintos naturais, se instalou entre os jovens brasileiros e conquistou a
preferência dentre todas as drogas ilícitas. Não podemos dizer que o poder público
é omisso quando a esta questão, mas é possível afirmar que ainda não estamos
preparados para lidar com problemas desta proporção, tento em vista, problemas
de legislação, preconceitos culturais, até mesmo um contexto histórico, que
rotula o viciado como marginal, enquanto na verdade é um sujeito doente que
necessita de tratamento digno.
Domingos Junior